No estado do Acre, quatro municípios são isolados (Jordão, Marechal Taumathurgo, Porto Walter e Santa Rosa do Purus) entre eles destaque para Santa Rosa do Purus, que o acesso só é possível por via aérea ou fluvial, com muita dificuldade, e as passagens são caras, algo em torno de 700 reais, acima do salário de algumas pessoas.
O prefeito exemplifica que o acesso é fluvial, e que na época do verão, fica praticamente impossível porque o rio Purus, que banha o município, costuma secar e, em alguns locais, forma verdadeiras ilhas que impedem o percurso de barcos de calado maior. Já no inverno, com o rio cheio, navegar por ali também é um aventura porque a correnteza aumenta e os balseiros e árvores são arrastadas pelas águas, o resultado num grande desafio, além de riscos, que já ocasionou registros de ocorrências de naufrágios. Por isso, para sair do município ou acessá-lo de forma mais segura, o melhor modal é o aérea, em pequenas aeronaves, visto que a infraestrutura atual do aeroporto não comporta pouso e decolagens de aviões maiores.
“O problema é o valor da passagem, que não sai por menos de R$ 700,00, em ida e volta”, revela o prefeito do município, Tamir Sá (MDB), que passou a última semana em Rio Branco tentando o que parece impossível nos órgãos que fazem o controle ambiental: obter licença para a abertura de um ramal capaz de ligar Santa Rosa do Purus aos territórios de Manuel Urbano e Feijó e, a partir dali, ter acesso à BR-364. “Esse isolamento é brutal porque sairíamos disso por um ramal de menos de 45 quilômetros, por dentro da mata. Não falo nem de construção de uma estrada, mas de um ramal de serviço. O problema é que os órgãos ambientais não dão a licença para que possamos começar a trabalhar neste sentido”, disse o prefeito.
Tamir Sá pontua as dificuldades que é administrar um município com essas características de isolamento. “Tudo se torna muito difícil porque, para chegar ao município, o custo é muito alto. No período do rio seco é que fica mais caro ainda. Nesta época, com o rio tomando água, é possível navegarmos por ali com embarcações maiores e as coisas se tornam menos difícil”, acrescentou. Quando o rio está seco, a navegação só é permitida para barcos com capacidade de até oito toneladas de mercadorias. “Mas é isso, não sai”, disse Tamir Sá. “Mas é uma viagem dura. No mínimo 16 dias de viagens, da Foz do Purus a Santa Rosa do Purus”, disse. O prefeito destacou que a prefeitura e a população têm dificuldade em conseguir licenças para abrir a estrada, enquanto empresas particulares, que vivem da exploração de madeira tirada da região, conseguem autorização para atuar. “Para esse particulares, que vivem da exploração de madeira, vendem facilidades. Para nós, dificuldades”, disse.
Apesar de todas as dificuldades, Tamir Sá diz que tem prazer em morar em Santa Rosa do Purus. “Nasci e me criei naquela região e de lá não quero sair. É um lugar maravilhoso, onde as pessoas têm uma expectativa de vida tranquila, num lugar com muitas riquezas naturais, com muito peixe, muita caça, enfim, um lugar maravilhoso. Se conseguíssemos meios de ter acesso via terrestre, aquilo ali seria o paraíso”, definiu.
Santa Rosa do Purus segundo estimativas do IBGE tem uma população de aproximadamente 6,9 mil habitantes, e faz fronteira com o país peruano, e é o mais isolado do Brasil, ao lado de Jordão, Porto Walter e Marechal Taumathurgo. "Sigo lutando para reduzir as desigualdades e os valores das passagens e garantir uma forma de que os serviços públicos cheguem a todos. Não é fácil, mas tenho esperança de dias melhores, e buscarei na capital federal nos Ministérios, Congresso Nacional recursos de emendas, bancada e outros para investir na infraestrutura urbana e rural do município, na saúde, educação, assistência social e outras áreas importantes, visando o desenvolvimento econômico e sustentável da cidade" frisou o prefeito.
Por Tião Maia - Contilnet
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